Cuidar do Carnaval é também cuidar das pessoas!

A ausência do Bispo Crivella, depois de um inacreditável suspense se viajaria ou não durante o Carnaval, se participaria ou não da festa, tem, ao menos, 5 dimensões – que demonstram uma chocante e decepcionante falta de compreensão dele como Prefeito e líder da Cidade, independentemente de qualquer denominação ou crença religiosa:

1. Cultural – O Carnaval é a maior festa popular do Planeta. E, no Rio, é a sua expressão mais intensa, diversa e exuberante. A nossa principal identidade cultural é o samba. E ninguém tem dúvida disso!

2. Popular – O samba nasceu com Donga no Rio, no subúrbio, nos cortiços e cresceu em toda a Cidade, mas principalmente nas áreas mais pobres, na favela. Mas ele se democratiza e se iguala no Carnaval. Mesmo para o governante que não goste, é sempre uma oportunidade de interagir de maneira popular com cariocas de todos os cantos do Rio.

3. Econômica – O turismo é uma de nossas principais vocações. Natural, mas também construída, conquistada. E, no Carnaval, é quando mais recebemos pessoas em nossa Cidade. Quando os hotéis estão lotados. Aumentam o ISS, a riqueza, a receita, em geral. Ele oportuniza emprego e renda para milhares de pessoas, mas principalmente para aqueles que Martinho homenageava no samba-enredo da Vila em 1984: “Glória a quem trabalha o ano inteiro em mutirão
São escultores, são pintores, bordadeiras
São carpinteiros, vidraceiros, costureiras
Figurinistas, desenhista e artesão”

4. Operacional – O Prefeito é o gestor e o chefe de uma instituição de mais de 100 mil servidores. Que não pode parar, principalmente no Carnaval. Muito pelo contrário, é quando mais tem que estar presente. Lembro que no primeiro dia do verão, em todos os oito anos, recebíamos um e-mail do Eduardo Paes proibindo férias para qualquer membro do primeiro ou segundo escalão. Recordo também quando, em 2014, enfrentamos uma dura greve dos garis da Comlurb. Enquanto Eduardo se desdobrava para manter o astral da Cidade na Avenida, eu comandava todos os secretários, diretores coordenadores, gerentes e equipes, virando as noites de Carnaval, negociando com o sindicato e manifestantes. Antes das 6 da manhã, estava pessoalmente nas gerências da Comlurb para motivar e colocar as equipes na rua. Tudo acompanhado por um Prefeito Presente.

5. Coragem – Eu posso até imaginar o conflito do Crivella nesses últimos dias. De um lado, o Bispo Macedo, ligando e o ameaçando se participar de qualquer iniciativa momesca. E de outro, a imprensa e o imenso mundo do Carnaval cobrando a suas iniciativas, sua presença. Se planeja viajar, comunica e vai. Até porque, indo ou não, ficou claro que esse era o seu real desejo, pois às pressas, na última quarta-feira, aprovou na Câmara Municipal sua autorização de viagem. Já que não compareceu hoje, como o anfitrião da Cidade, na abertura do Carnaval e na simbólica e histórica entrega da chave ao Rei Momo, mandasse, com antecedência um representante. Quem sabe o Vice, o que também não foi. Esse mistério e esse desrespeito se somam à incapacidade, insegurança e demora em escolher equipes. É um vaivém de anúncios, recuos e desautorizações a subordinados jamais visto. Tudo isso molda cada vez mais o comportamento de um Prefeito sem comando, inseguro e errático.

Por fim, se há algum constrangimento religioso com o Momo, apenas trabalhe. Coloque um jaleco e vai pra rua comandar a tropa. Aliás, tropa essa com muitos evangélicos. É isso que esperamos do líder que a maioria dos eleitores da Cidade, independentemente de estarem ou não arrependidos, escolheu. Cuidar da Cidade, dos cariocas e de quem escolhe estar aqui durante o Carnaval, é também cuidar das pessoas!

Pedro Paulo

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